10/06/07

Pedro e Inês - uma história de amor na História de Portugal

No tempo em que governava el-Rei D. Afonso IV, os casamentos eram todos combinados entre as famílias mais nobres da Europa e, assim, quando seu filho D. Pedro atingiu a idade de casar, ele mandou pedir a mão a D. Constança, uma jovem nobre que pertencia à família real castelhana.
D. Pedro casou com D. Constança mas logo se apaixonou pela mais bela aia que acompanhava a sua noiva.

A paixão entre eles era tão forte que não conseguiram esconder o amor que sentiam um pelo outro e todos perceberam, sendo este romance fonte de comentários por parte de todos na Corte. Também D. Constança se apercebeu deste romance e decidiu tratar do assunto de uma forma discreta, convidando D. Inês para madrinha do seu primeiro filho. Assim ela impedia que eles se pudessem encontrar pois os padrinhos eram considerados como irmãos dos pais e se continuassem o romance seria um crime castigado por lei.

Contudo, uma semana depois do baptizado, a tragédia abateu-se sobre a casa real, o menino, de nome Luís, faleceu e logo estalou o falatório na Corte. Todos se puseram contra a Inês, culpando-a da morte do menino, acusando-a de não o ter apadrinhado com fé junto da pia baptismal! Mas, apesar de tudo, o amor foi mais forte e o romance entre Pedro e Inês continuou.

Mais tarde D. Pedro ficaria viúvo. É nesta altura que D. Pedro se junta à sua amada e viveram felizes durante anos. Já com três filhos, decidiram mudar-se para Coimbra, num local que hoje é conhecido por Quinta das Lágrimas.
Com esta mudança as intrigas voltaram e convenceram o rei de que a única forma de afastar Inês era matá-la! Um dia, sabendo que o príncipe não iria estar, o rei e três homens da Corte foram procurá-la.

Tinham combinado matá-la assim que a encontrassem. Ela estava à beira de uma fonte e quando os avistou, soube logo ao que vinham.

Ela suplicou ao rei que lhe poupasse a vida, pois era a mãe dos seus netos, ainda muito pequenos. O rei hesitou, e foi-se embora deixando aos seus homens a decisão final. Eles, sem qualquer tipo de remorso, apunhalaram-na, deixando D. Inês morta junto à fonte onde a encontraram, onde, segundo a tradição, o sangue que escorreu sobre as pedras nunca mais ninguém conseguiu apagar, como se fosse uma lembrança eterna do crime ali cometido.

D. Pedro louco de dor e de raiva, jurou perseguir os assassinos de sua amada até que sua morte fosse vingada! E assim fez, revoltou-se contra o seu pai, destruindo muitos castelos e povoações.

Só mais tarde aceitou fazer as pazes com o rei mas os carrascos de Inês não foram esquecidos e, assim que subiu ao trono, mandou capturá-los e condenou-os à morte.

Diz a lenda que ele obrigou o carrasco dos assassinos retirar o coração de cada um deles e que mandou retirar D. Inês do túmulo, colocá-la no trono e ordenou que toda a Corte lhe beijasse a mão.

Isto seria a parte mais fantasiosa da história, mas de facto D Pedro mandou construir dois belo túmulos e colocá-los no Mosteiro de Alcobaça, para que os dois pudessem estar juntos para toda a eternidade, e quando tudo estava pronto ele organizou um cortejo fúnebre digno de uma Rainha de Portugal!
Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Portugal, Histórias e Lendas


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